domingo, 19 de novembro de 2017

Em 1979, surge a Vila Skylab (Escailabe) na Bomba do Hemetério

A Vila Escailabe entre a Rua do Rio e o Alto José do Pinho. Hoje, já existe água, energia elétrica e as escadarias, mas, os pioneiros não tinham nada disto. As dificuldades eram bem maiores. Foto: Google.

Em agosto de 1979, grupos de pessoas invadem as encostas entre a Rua do Rio e Alto José do Pinho, terras logo identificadas como da Imobiliária Vieira da Cunha. A nova invasão de imediato ganhou o nome de "Vila Skylab", o nome da vila estava relacionado ao grande assunto do momento. Uma grande nave espacial estava preste a cair sobre a terra, o medo era grande das pessoas que temiam que parte dela ao se desintegrar na atmosfera, caísse sob suas cabeças. Não era boato, o fato era real, tratava-se da primeira Estação Espacial da Nasa. A nave norte-americana havia entrado em óbita em maio de 1973 e que no dia 11 de julho de 1979, a nave despedaçou-se no espaço e parte dela veio a cair no Oceano Índico e outra parte ao oeste da Austrália sem atingir ninguém.
A vila atualmente recebeu o nome aportuguesado de "Vila Escailabe". A invasão não deixou de ser mencionada pela imprensa. No dia 24 de agosto de 1979, o Diário de Pernambuco publicou o seguinte:
Em 1979, as crianças participando da construção do casebre. Foto: DP-24/8/1979.

CUSTA Cr$ 1,00 O METRO QUADRADO DA "SKYLAB" (O TÍTULO)

Ajuste nos termos do contrato com a Imobiliária Vieira da Cunha; água, luz e escadarias, são, ao lado das permanentes dificuldades financeiras, os principais problemas dos moradores da recém implantada Vila Skylab, na Bomba do Hemetério.
A partir do próximo mês, dependendo das negociações, todos começarão a pagar a quantia de Cr$ 1,00 (um cruzeiro), por metro quadrado, aos proprietários do terreno. Até agora já estão prontos cerca de 80 casebres de taipa, e a construção dos restantes, que irão para as 274 famílias já cadastradas, está encaminhada.

GAFIEIRA

A grande preocupação da Comissão de Moradores, que se reúne semanalmente com o pessoal da Justiça e Paz, é manter a ordem e os bons costumes. Por isso não querem saber de gafieiras por perto. João Rosa da Silva, um dos lideres, foi bem claro: "Estou gastando, para fazer minha casa Cr$ 14 mil cruzeiros, que um irmão emprestou. Assim como eu, os meus vizinhos também são sacrificados. Aqui não temos divertimentos, e nosso fim de semana é animado com o trabalho, cada um ajeitando seu canto. Por isso não estamos sentindo falta de dança e nem queremos gafieira por perto, pois essas coisas só trazem confusão."

Ontem à tarde, o aspecto da Vila Skylab e suas subdivisões (Campinho e Macaibeira) era de absoluta tranquilidade. As crianças brincando de balanço, com uma corda amarrada numa árvore; de bambolê, de pega etc. - as mulheres cuidando dos afazeres domésticos, e os homens trabalhando no barro, cortando madeira, levantando os casebres. A água sendo buscada numa cacimba das redondezas. Transporte a toda hora com as linhas de Bomba do Hemetério e Alto Santa Terezinha.

O Skylab que caiu
O AJUSTE

Para a resolução dos problemas dos moradores foram feitas entre eles três comissões. Uma irá a Compesa tratar do caso da água; outra irá para a prefeitura pedir escadarias ao prefeito Gustavo Krause; e a outra irá a Celpe pedir luz.

Finalmente, o ajuste em relação ao contrato entre a imobiliária e os moradores está sendo tratado, em meio a muitos mal entendidos, pelo advogado da Comissão de Justiça e Paz.
Acontece que, ao contrário do que havia sido combinado anteriormente entre as partes, a imobiliária exigiu que  ao final do contrato, dentro de três anos, o mesmo fosse renovado segundo o índice de ORTN do governo, o que significa, no minimo um aumento de 200%. 

Esta clausula não foi aceita. Os moradores querem o aumento de 10% ao ano na taxa de Cr$ 1,00 por metro quadrado ocupado. Os outros detalhes foram resolvidos, mas enquanto houver esta pendência - que ninguém sabe quando ou como será solucionada - a situação continuará a mesma.

GALERIA DE FOTOS E NOTÍCIAS DA VILA SKYLAB (ESCAILABE)


Diário de Pernambuco de 25/8/1979

DP- 25/8/1979- Senhora chora emocionada após tentativa de demolição na Vila Skylab.


DP- 28/7/1979- Homem ao lado de uma criança tomando conta de seu barraco na Vila Skylab.


DP- 31/8/1979- Moradores da Vila Skylab levantando seus barracos.


Diário de Pernambuco de 26/7/1979


Diário de Pernambuco de 28/7/1979
Diário de Pernambuco de 31/8/1979


Diário de Pernambuco de 25/10/1980
Diário de Pernambuco de 30/5/1981
Por: Jânio Odon/BLOG VOZES DA ZONA NORTE
Fonte: Diário de Pernambuco e Diário de Notícias de Portugal. 

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